Na clínica ortodôntica, geralmente solicitamos uma documentação ortodôntica (famosa Doc) antes do início do tratamento. Ela permite o profissional obter informações úteis para fazer diagnóstico e plano de tratamento baseado em dados anatômicos e/ou patológicos do paciente.
Tal como você jamais escalaria o Monte Everest sem equipamentos e informações importantes para a escalada, um ortodontista jamais iria iniciar um tratamento sem uma documentação que traga todas as informações necessárias para escalar o sucesso do seu tratamento (pelo menos não deveria).
Mas, esse exame tão importante tem um problema: com o grau de personalização das soluções nas diversas áreas da nossa vida, um exame bidimensional e muito analógico como a documentação ortodôntica tradicional (leia-se pan, tele, fotos e modelos) limita o profissional nas suas ações.
Por sorte, vivemos um momento de evolução tecnológica frenética na saúde e a Odontologia pode tomar proveito disso com os exames de tomografia em feixe cônico (ou cone beam ou TCFC).
O exame de TCFC escancara o que a Doc tradicional esconde: a tridimensionalidade e o multiverso de informações que essa nova dimensão de estudo oferece.
Seja antes, durante ou depois do tratamento, pontos como relacionamento entre arcos, angulação, condições e relacionamento de raízes com sua bases ósseas ganharam outro ponto de vista e formas de serem interpretadas em TCFC, reescrevendo as bases científicas dos tratamentos ortodônticos.
A TCFC também conversa bem com novas tecnologias como escaneamento intraoral e 3D de face permitindo a criação do paciente virtual que amplifica a visão do profissional sobre o paciente.
Além disso, ossos do crânio, seios da face, fossas nasais e ATMs passaram a ser melhor observadas, tornando o trabalho do ortodontista mais multidisciplinar e oferecendo a oportunidade de ser mais determinante na vida do seu paciente.
E essa evolução tecnológica mágica está amplamente disponível nas clínicas de radiologia odontológica no Brasil, ainda pouco explorada e conhecida pelos profissionais da área e especialidade.
Em um mundo que já explora o Metaverso em óculos virtuais, a ortodontia não deve esquecer que o paciente é tridimensional. E por isso, não pode ignorar o volume de informações que perdemos ao ignorar o potencial da tomografia com a simples justificativa que é mais caro.
Como profissional da área, eu torço para que um dia ortodontistas e pacientes compreendam que o investimento feito em um exame tão completo como a TCFC é fundamental para aumentar a precisão do diagnóstico e melhorar substancialmente o resultado final do tratamento.
Se você é paciente, pense no quanto você pode ganhar com uma tomografia.
Se é dentista, no quanto você pode perder sem uma tomografia.
Acho que é a hora de conversamos sobre isso.